sexta-feira, dezembro 08, 2006

"As violetas da Mãe"

Todos os dias são "Dias da Mãe"
Para a Júlia, 8 de Dezembro era ainda mais especial. Foi mãe nessa data!
Quase menina,os olhos de Júlia encontraram aquele jovem alto e garboso que via todas as semanas no adro da Igreja , local de todas as conversas e trocas de olhares, em torno de cestas de bolos de fogaças, sacos de deliciosos tremoços e queijos secos, tudo o que era necessário para trabalhar na lavoura estava ali pronto a ser adquirido. Essa jovem fez-se mulher. O seu sonho tornou-se realidade em Maio. - O mês das rosas - como ela sempre dizia -(na sua vida as flores estavam sempre presentes) plantadas, semeadas ,em qualquer local apareciam, desde a trepadeira que se prolongava do umbral da entrada até ao cimo da grande escadaria de pedra.Era com grande emoção que a Júlia se aproximava. A visão daquele "enleio"era a prova evidente que estava próximo do seu lar. Em frente da casa: jarros, gladíolos , lírios, malmequeres e violetas faziam parte do seu pequeno jardim. - Perto de um canteiro de alfaces ou feijão verde...as flores tinham o seu lugar reservado.
Com grande carinho e desvelo, uma " Flor" como que deslizava pela vida, exalando o seu "Perfume" a tudo e a todos. Raminhos de violetas eram colocados por ela aos seus eleitos. - As flores seguiam o seu caminho, nem que fosse numa mala de viagem , entre frutas ; legumes ; bolos do "adro"; com feitio de bonecas , cestas e flores , e alguma peça de roupa esquecida à última hora. Em tudo o desvelo dessa " Flor ".
- Legumes : as ervilhas já descascadas . Frutas : as tangerinas de pézinhos de folhas verdes e viçosas.
Flores : embrulhadas em papel pardo, de caules bem frescos devido a um guardanapo ensopado de água fresca serrana. Bolos: nas suas formas variadas,exalando os mais delicados aromas de canela e erva doce. Aquela mala de viagem chegava ao seu destino e era aberta ao sabor e aromas do seu precioso conteúdo. - A Júlia era feliz, distribuia carinho, amor e atenção a todos que cruzavam a sua existência. - Alentos... acompanhados de violetas, transformadas em distâncias infindáveis , espalhadas num universo familiar que só o sangue consegue decifrar... esses aromas e perfumes inconfundíveis pairando em seu redor. - Aos Domingos de manhã os "rebentos" de Júlia acordavam com o cheiro de canela e erva doce debaixo da almofada...!? Sim, debaixo da almofada!!! Dois desses "rebentos" , um dia voltaram mas, a trepadeira já não existia... o silêncio impôs-se... Eis senão quando depararam com um grande canteiro de violetas encostado ao velho muro do jardim, bem protegidas . Tudo o resto perdera as suas formas e conteúdos . Em silêncio foram colhidos ramos de violetas, que surgem agora esplendorosas no meio de um turbilhão de pensamentos. . .
( dedicado à minha mãe)

6 comentários:

Anónimo disse...

Zé Senos
Gostei muito de teres dedicado à tua mãe essas frases um beijo

Anónimo disse...

Um dos mais bonitos textos do nosso livro "Palavras Maduras".
Bonito e perfumado!

Jelicopedres disse...

E eu gostei muito que tivesses lido as palavras que dediquei à minha mãe.
Como ela foi mãe neste dia 8 de Dezembro, era sempre uma data muito importante para ela.
Consequentemente para mim também.
Continua a visitar-me...
:) para ti.

Jelicopedres disse...

Ainda não tive opurtunidade de fazer o nosso livro. Vou pedir ao meu Amoroso que me ajude um dia destes,já terá que ser depois do Natal.Agora estou muito atarefada.
Vou sempre passar com os meus sogros,o tempo passa num ápice...
Como sempre,um elogio da tua parte.
Bom fim-de-semana para ti.

Anónimo disse...

Teresinha " gostei imenso de ler tudo o que dedicou á sua "Mãe " para mim o dia 8 de Dezembro é um dia maravilhoso, porque também fui "Mãe "o meu filho fez ontem 29 anos.!!! Um bjs.

Jelicopedres disse...

Ana, não imagina como fiquei feliz por saber que também foi mãe no dia 8 Dez.Então muitos Parabéns para a Ana e seu filho,que se prolonguem os anos,por muitos e muitos, com saúde e muita felicidade.