quarta-feira, novembro 21, 2007

Palavras Maduras / Contos Partilhados

Dália Nome de Mulher
Uma noite a fome apertou. Dália foi a escolhida para assaltar a despensa da D. Cremilde. Conseguiu uma laranja e dois peros verdes, assim como uma canelada, quando apressadamente passou e bateu num banco da cozinha.
A risota e a fome atenuavam a dor na perna. A Francisca rebolava-se em cima da cama, agarrada à barriga. A Olga, mais medrosa, escondeu-se atrás da porta .
- D. Cremilde, a sua laranjinha é tão docinha... - dizia Dália agarrada à perna.
- E os perinhos são tão azedos como você D. Cremilde. - Acrescentava a Francisca. Debaixo do mesmo tecto, vivendo no mesmo quarto, esta era a família da Dália. Queria esquecer o passado. Tinha projectos e também queria ser feliz.- Quem renuncia aos seus sonhos e não aplica todas as suas forças, mais difícil torna a sua realização. - dizia ela muitas vezes. Foi no dia do seu aniversário que conheceu o Pedro.
O seu sonho não podia esperar. Era urgente!
Como tinha conseguido viver tanto tempo em tão pouco espaço físico?
Continuar a submeter-se aquelas "manobras"...? Não. Jamais.
Dália decidira que, a partir daquele dia, a sua vida tinha de mudar. Com dezoito anos... era a altura certa.
Terça-feira. Princípio de um dia de Primavera. Dália sentia-se feliz por deixar aquelas quatro paredes. Ao olhar para trás, até o tecto lhe parecia mais baixo e a porta mais estreita. - Pronto. Já não lhe faltava nada, os seus poucos pertences cabiam na sua mochila.
- Eram oito horas e estava com fome
- Dália suspirou e saiu de casa, determinada, em direcção à estação.
À medida que se aproximava os seus passos pareciam pesar.
Na plataforma da estação, Dália dobrou-se sobre si mesma e chorou. O comboio afastou-se.
- Porém algo se alterou. No seu ombro sentiu uma mão... amiga.
Não virou logo a cabeça. Por momentos, ficou suspensa... mas, corajosamente recompôs-se e lançou um olhar para uns olhos que a fitavam com um sorriso loucamente amistoso.
- Como te chamas...?
- Meu nome é Dália.
- Eu, sou o Pedro...
[...]
( Colaboraram neste conto, por ordem de intervenção: Maria do Céu; Teresinha Amoroso; António Gil; Carolina Palminha; Cristina Galhardo (em França); João Henriques; Antonieta Gomes; Arlete Alves e outra vez Carolina Palminha - que finalizou)

10 comentários:

Anónimo disse...

Isso é que é trabalhar mais um pouco do conto, só de ti gostei imenso, um beijo, estive com a Zé Porfírio.

Carolina disse...

Quanto mais o vou relendo aqui no teu blog, mais gosto do do nosso "prosear".
Ó "gente da minha terra" como vós SOIS e nós SOMOS talentosas (os).
Alguém põe dúvinas nisso???

lami disse...

Ninguém duvida!

Palavras maduras, partilhadas
Retalhos de Vida e de nós
Prosa vadia, libertada,
Onde soltamos a voz!

Jelicopedres disse...

Para leres o resto do conto Zé, uma vez que é extenso, vais ao "Canto das Letras", clicas no livro e é só escolher o que quiseres ler no índice.
Tem umas bolinhas coloridas.
Está lá tudo!
( esta informação serve também, para quem visitar a postagem e gostar de ler algo mais)...
Beijinho para ti.

Jelicopedres disse...

Ó Carolina, afinal o tempo não chega para tudo!
És, ou por outra somos, umas meninas muito ocupadas, acabam as aulas e cada um tem de ir à sua vida.
Alvitrei uma estratégia para angariarmos "algum", tu achaste bem, a Laura disse que podíamos conversar sobre isso, mas entretanto, NADA...
Voltaremos então a falar.
bj.

Jelicopedres disse...

Laura, precisamos "discutir", (com)Palavras Maduras!!!
;))

Anónimo disse...

Eu não ponho dúvidas, as minhas amigas cada vez escrevem melhor estou a gostar de ler o que escrevem, só assim me fazem ler
bjs.

Jelicopedres disse...

Então prepara-te Ana.
Vais ler mais ainda.
Temos lá "coisas", de que vais gostar!
;))

António Gil disse...

Mas acho que já está tudo decidido. O CANTO DAS LETRAS divorciou-se da TUNASAS e agora vai viver sozinho e vai ter tempo, porque o talento não falta, para ser pai de muitas obras que fatalmente vão aparecer, para alegria e conforto espiritual de todos nós.

Jelicopedres disse...

Eu acho que, a TUNASAS, absorveu, (pelo menos até agora foi o que aconteceu),
O CANTO DAS LETRAS!
Estamos quase no NATAL!!!
Mas, tudo bem! Haverá tempo para tudo.
Há sempre um tempo para cada empreendimento!