domingo, setembro 13, 2009

Vindima

Mãe:
Já só te encontro no meu coração.
Fora dele, é o renovo e a negação
Dos pesadelos.
Enxertam-se os bacelos
Do presente,
E o mesmo alvaralhão tinge a nascente
Que mana dos lagares,
Altares
Do esquecimento
E nenhum pensamento
Se detém
A recordar, na embriaguez do mosto,
A doçura das linhas do teu rosto,
Mãe!

Miguel Torga / Poesia Completa - Fotografia / Teresinha

Sobre Miguel Torga
"Um poeta realmente rebuscado, segue de perto um vocabulário vernáculo, bem ao jeito da sua terra. Cria um poema de grande originalidade porque, metaforicamente, equivale o esquecimento com a ebriedade que um bom vinho lhe provoca, após uma gestação tão especial... Tal como a sua, já tão longínqua, no seio de sua mãe."
(Palavras deixadas em jeito de comentário, as quais todos agradecemos, pela professora Fátima Beja. )

22 comentários:

Carolina disse...

Procurei "alvaralhão" no dicionário e nada...
Um poema tão lindo e afinal com um "palavrão" tão dificíl.
O que quererá dizer???
;) ;) ;) ;) etc...etc...

Jelicopedres disse...

Maria Carolina!
Dás-me uma "trabalheira"...
Que curiosa és!
Vais logo confirmar tudo.
- Olha amiguinha, eu também achei uma palavra pouco ou nada usual.
Mas é precisamente o que Miguel Torga escreveu.
Está na página 514, da sua Poesia Completa.
No dicionário da Porto Editora, lá está: Alvarelhão
Provávelmente pode dizer-se das duas maneiras pois não acredito que seja uma "gralha" num livro destes.
Errata, não tem!
Por isso está correcta e quer dizer: Casta de videiras cultivadas em Portugal.
Que dicionário é que tu tens?
- Este poema foi escrito em S. Martinho da Anta, a 2 de Outubro de 1953.

Beijinho para ti.
ESCLARECIDA? (^_^)^_^)

Sentidamente disse...

Vejam só a trabalheira e confusão que este poeta provocou ao incluir no seu poema a denominação duma casta de uvas. Mas ainda bem porque assim, sem muito trabalho ficámos todos a saber, ou pelo menos os que como eu não sabiam, o significado do palavrão.
Quanto ao poema, trata-se do dizer de Miguel Torga e está tudo dito.
Para a fotografia o meu comentário resume-se a um ah! … De admiração. Linda! Em especial, pelo movimento e pela ondulação do panejamento da veste. Enigmática, porquanto incompleta, levando a que a nossa atenção incida nas cestas e nas frutas, sobretudo nas uvas, tema abordado no poema. Óptima composição!
Beijinhos

Carolina disse...

Amigas, dou a mão à palmatória. Encontrei; na verdade eu tinha escrito mal a palavra como podem constatar e por isso não aparecia. Tem razão: casta de uvas!
Erudito o nosso Miguel, como ñ podia deixar de ser.
;)

Carolina disse...

Revendo o assunto: mas afinal o Miguel Torga enganou-se na palavra? No dicionário essa não existe mas sim, alvarElhão. Ou foi a minha menina que se enganou e escreveu na postagem alvarAlhão?
Que confusão!
;)

Carolina disse...

E a música? As 4 Estações? Não tenho cá a minha aprelhagem para confirmar.
Pode informar o pessoal sobre isso?

Jelicopedres disse...

Não foi trabalheira, Juja.
O intuito, é este mesmo.
(pelo menos para mim, é)!
Estas dúvidas servem para nos levar a pesquisar na certeza de que algo encontraremos...
Foi o caso, eu também não sabia.
A foto tem uma pequena história.
No sábado passado estive num almoço numa Quinta perto de Lisboa. Antes de entrar recebi duas notícias via telemóvel. Uma, que me deixou na maior alegria que eu podia esperar!
Outra, a participação do falecimento de uma outra amiga minha.
Subi uma rampa, e deparei-me com um jardim que, (penso mais ninguém deu por ele, ficava um pouco afastado)- e, fiquei ali um bocado até me refazer...
Depois, aproveitei o momento e tirei as fotos que vês agora.
Tenho outra que gosto muito no Canto das Letras, (além de muitas mais que vou guardar)...
Abraço^_^)

Jelico Pedrês disse...

Casta de uvas, claro, Carol!
Uvas brancas.
Provávelmente as que são utilizadas para fazer um "Alvarinho".
(uma delícia, bem geladinho)...
- Não foi a menina (eu) que se enganou não senhora!
É assim que está escrito no poema, foi assim que escrevi.
Se estiver mal, é uma "gralha".
Não vou emendar, linda.
- A música é: Tchaikovsky A Dança dos Cisnes
- GOSTOU!?...
kiss you^_^)

O céu da Céu disse...

Foi difícil mas afinal está tudo esclarecido...resumindo...uma boa casta para fazer um bom vinho...é isso que queremos ou querem os apreciadores.
Valeu a pena! Aprendi mais um vocábulo,vi uma foto lindíssima,li um bonito poema e estive mais pertinho das minhas amigas.Jinhos.

Jelicopedres disse...

Eu gosto, quando ficas "perto" de nós, céu da Céu!
Volta sempre!
As tuas palavras acrescentam sempre, uma mais valia...
- Sabia?!
Beijinhos meus para o "Algarve"...
Teresinha^_^)

Anónimo disse...

ADOREI! Não só a foto como a poesia e a música, mas sobretudo a vossa "pesquisa", "antipesquisa" (existe este termo?...) e "contrapesquisa"!!! Vocês são o máximo. Acho que sim, estas dúvidas são óptimas para conversar, tirar dúvidas e aumentar os nossos "saberes"!
a propósito. adoro o Lago dos Cisnes, dançado então é uma maravilha de sonho!
Não estou a fazer confusão entre "Cantodos Cisnes" e "Lago" pois não?
Beijão p'ra toda a gente.
Lena Tereno

Anónimo disse...

Se procurarem ALVARELHÃO no google na pesquisa avançada encontram muita coisa e sim, está relacionado com o "Alvarinho".
Lena Tereno

Jelicopedres disse...

Olá Lena, bem-vinda à discussão.
Sabes uma coisa?
Esta menina Carolina, não me deixa "pôr o pé em ramo verde" e nem deixa passar nada!...
Agora só me falta saber se a palavra (Alvaralhão) está correcta ou se é mesmo uma gralha.
Vou ter de investigar.
- Quanto à música, é mesmo a
Dança dos Cisnes!
Faz parte do Bailado, "O Lago dos Cisnes".
Sabias que foi o primeiro bailado de Tchaikovky, escrito entre 1875 e 1876 a pedido do Teratro Imperial de Moscovo?!
Impressionante como depois deste tempo todo continua tão bela!
Beijinho para ti e filhota.
Teresinha^_^)

Coisas da Vida disse...

Que discussão magnífica! Gosto muito de ver que há sempre gente inquieta perante a língua portuguesa e que quer desfazer dúvidas, descobrir significados, relacionar conceitos...Parabéns a todos!
O poeta é realmente rebuscado, segue de perto um vocabulário vernáculo, bem ao jeito da sua terra. Cria um poema de grande originalidade porque, metaforicamente, equivale o esquecimento com a ebriedade que um bom vinho lhe provoca após uma gestação tão especial...Tal como a sua, já longíngua, no seio de sua mãe! Lindo!

Jelicopedres disse...

Posso dizer sem exagerar que faço parte daquele grupo de gente inquieta, perante a nossa língua materna, Fátima.
- Muito obrigada pela preciosa ajuda que trouxe a esta "discussão, para ficarmos a conhecer um pouco melhor,
Miguel Torga.

(vou transcrever as suas palavras na 1ª página)

lami disse...

Interessante como a vindima recordou ao Poeta a sua mãe já falecida!

kanuthya disse...

Tentei encontrar o seu email, mas sem sucesso, por isso me intrometo aqui :) (Ainda assim, venho chatear e pedir se me pode enviar o seu endereço email para cristina.galhardo@gmail.com ou até para o mail do Quiromancias, quiromancias@gmail.com)

Fico muito contente pelo livro! E desgostosa por o horário coincidir com compromissos :(

Assim sendo, aguardo notícias e espero poder ver fotos no vosso site.
Muito sucesso e felicidades!

Coisas da Vida disse...

Obrigada pelo destaque que deu às minhas palavras. Até fiquei embaraçada.
Obrigada por ter corrigido um erro ortográfico; contudo, persiste ainda uma gralha...
Jinhos e graças do coração!

Jelicopedres disse...

Kanuthya,
deixei o meu endereço de e-mail em quiromancias.
Tive imensa pena que não pudesse ter vindo.
Fica para o próximo...!
Não vem nada, "chatear"!!!
Gosto muito que venha.
Verdade!
Fico à espera de mais visitas.
Beijinho da teresinha^_^)

Jelicopedres disse...

Porquê agradecer, Fátima.
Eu, é que tive muito gosto!
As suas palavras transportam pedagogia pura!
Eu aprecio imenso a sua arte de ensinar!
Já fui visitar de repente o "Salta Letrinhas".
Depois volto lá.
Gosto de ler tudo com calma...
Abracinho^_^)

Anónimo disse...

Mas amigas o Miguel Torga, está a baralhar a Cabeça da nossa Carolina !!! Porque ali não passa nada sem ser esclrarecido !!!
Pois pois ela é assim beijinhos !!!

teresinha disse...

Da "discussão" nasce a Luz, Ana!
Abracinhos ;))