quinta-feira, setembro 09, 2010

Janelas e Vitrais

Edifício "Arte Nova" - 1912 - Antigo Grémio Agrícola
Vitral que decora a entrada principal do Clube Agrícola da Chamusca
Janelas, com "telhados dentro"...
*
Se quiser ver e saber mais, vá até: http://www.cm-chamusca.pt/
fotografia/teresinha

13 comentários:

Carolina disse...

(Um poema longo, mas lindo! Atreva-se a lê-lo)

Tenho quarenta janelas,
nas paredes do meu quarto,
sem vidros nem bambinelas,
posso ver através delas,
o mundo em que me reparto.


Por uma entra a luz do sol,
por outra a luz do luar,
por outra a luz das estrelas,
que andam no céu a rolar.


Por esta entra a Via Láctea,
como um vapor de algodão,
por aquela a luz dos homens,
pela outra a escuridão.

Pela maior entra o espanto,
pela menor a certeza,
pela da frente a beleza,
que inunda de canto a canto.


Pela quadrada entra a esperança,
de quatro lados iguais,
quatro arestas, quatro vértices,
quatro pontos cardeais.


Pela redonda entra o sonho,
que as vigias são redondas,
e o sonho afaga e embala,
à semelhança das ondas.


Por além entra a tristeza,
por aquela entra a saudade,
e o desejo, e a humildade,
e o silêncio, e a surpresa.


E o amor dos homens, e o tédio,
e o medo, e a melancolia,
e essa fome sem remédio,
a que se chama poesia.


E a inocência, e a bondade,
e a dor própria, e a dor alheia,
e a paixão que se incendeia,
e a viuvez, e a piedade.


E o grande pássaro branco,
e o grande pássaro negro,
que se olham obliquamente,
arrepiados de medo.


Todos os risos e choros,
todas as fomes e sedes,
tudo alonga a sua sombra,
nas minhas quatro paredes.


Oh janelas do meu quarto,
quem vos pudesse rasgar,
com tanta janela aberta,
falta-me a luz e o ar.

ANTÓNIO GEDEÃO

Publicada por Alma de Poeta

Jelicopedres disse...

Que lindo Carolina!
Obrigada.

Já há muito que não lia este poema de António Gedeão.
Mais apropriado não podia ser.
Vou passá-lo para a minha "janela da frente", assim que tenha um tempinho.

bjs

Carolina disse...

E o que é isso da janela da frente?
Olha, continuo a ter o nome dos teus blogues práticamente invisíveis.Que estranho, serei só eu?
É que o fundo está da cor das letras.
Mas deixa, eu cá me arranjo.
;)

Jelica disse...

A "janela da frente", é a página que encontras quando vens a um dos meus bolgs ou outros.
A das traseiras é esta, onde deixamos os comentários, daí que, pelo menos alguns desses versinhos de António Gedeão terão de acompanhar algumas das minhas janelas (fotos).

Bom Domingo

Letucha Almeida disse...

Lindo vitral gosto imenso, as janelas são um "must"!
Gostei do poema é lindo, atrevi-me a lê-lo sim senhora e ainda bem que o fiz.
Beijinhos

Jelicopedres disse...

Que bom que gostaste, Letucha.
Sei que também estás a adorar a tua estadia, aí!
Espero que corra tudo bem, aproveita cada minuto...!

Beijinho

Sentidamente disse...

Lindas estas tuas fotografias. Uma delas fez-me lembrar as janelas da Maluda dentro das quais habitam mundos exteriores. Quanto ao poema é um dos meus preferidos do António Gedeão. Claro que sem esquecer a Pedra Filosofal. Já o postei e costumo dizê-lo. Não tendo a ver com janelas, mas por falar em Gedeão, vou deixar-te aqui outro, uma maravilhosa expressão de ternura.

A UM TI QUE EU INVENTEI

Pensar em ti é coisa delicada.
É um diluir de tinta espessa e farta
e o passá-la em finíssima aguada
com um pincel de marta.

Um pesar grãos de nada em mínima balança,
um armar de arames cauteloso e atento,
um proteger a chama contra o vento,
pentear cabelinhos de criança.

Um desembaraçar de linhas de costura,
um correr sobre lã que ninguém saiba e oiça,
um planar de gaivota como um lábio a sorrir.

Penso em ti com tamanha ternura
como se fosses vidro ou película de loiça
que apenas com o pensar te pudesses partir.

Um beijinho com ternura

Sentidamente disse...

Voltei para acrescentar, no caso de não ter ficado claro que tal como a "Pedra Folosofal e a "Aurora Boreal", que a Carolina aqui deixou, "A Um Ti Que Eu Inventei", também é de António Gedeão.
Bjs

Jelicopedres disse...

Obrigada pelo teu esclarecimento, Juja.
Não conhecia, de todo.
Não me espantaria nem um pouco se fosse teu, sabias?!

Vou "procurar", António Gedeão.

Namastê^_^)

Coisas da Vida disse...

Que bonito!
Adoro vir até aqui e dar de caras com o seu bom gosto, a sua imensa sensibilidade, Teresinha!
Obrigada por ter passado pelo meu cantinho! Jinho.

isabel disse...

Sabes que desapareci e sabes que já voltei :D

Não me canso de ver janelas e vitrais onde quer que vá, que por vezes até me esqueço de tirar fotografias dos mesmos.

Belas imagens acompanhadas pelo lindo poema que a Carol nos presenteou. Saboreei cada palavra do mesmo com alma e coração.

beijinhos

Jelicopedres disse...

Gosto de a visitar, Fátima!
Sei que não saio de "Banalidades", sem me deter por alguns momentos...!

Desejo que o novo Ano Escolar decorra sem sobressaltos, para si e também para os seus "pupilos" que têm a sorte de a ter como Professora.

bjs.

Jelicopedres disse...

Olá Belinha!

Sei que "desapareceste", por
UMA BOA CAUSA...!
Mais uma vez, Parabéns!

Beijocas*_*)