segunda-feira, fevereiro 08, 2010

Aldeia

Nove casas
duas ruas
um largo
ao meio do largo
um poço de água fria.
*
Tudo isto tão parado
e o céu tão baixo
que quando alguém grita para longe
um nome familiar
se assustam os pombos bravos
e acordam ecos no descampado.

"O poeta tem olhos de água para reflectirem as cores do mundo".
Manuel da Fonseca
*
Fotografia/Teresinha

16 comentários:

Sentidamente disse...

LINDO!!! A fotografia, mesmo a condizer com o poema. Gosto muito da escrita de Manuel da Fonseca. Acho que ele é mais poeta que prosador pois mesmo a sua prosa está repleta de poesia. Este poema é especialmente belo. Transmite-me uma tão grande calma e é tão real e palpável, que me sinto transportada à aldeia e até ouço o bater de asas dos pombos e o chamamento que os assustou...
Obrigada. Beijinho com ternura.

Jelicopedres disse...

Tens toda a razão, Juja!
Quando alguém consegue fazer-nos sentir que somos transportados pelos sentidos, esse alguém tem um dom muito especial.

"Pensando que haveria sempre Primaveras..."

A Terra é a Música.

Onde estás viandante de olhos negros?
Que sonhos vês?
O mundo continua o mundo, Amigo.
Os homens sofrem e lutam
E cantam
E estendem os cabelos ao vento...
Na planície há uma nova Esperança.
E as fontes rasgaram a Terra...

Manuel da Fonseca
in Rumo Certo, (Lisboa), 3, de 1 de Março de 1951

Poema para o 5º aniversário da morte de Bela Bartok

Carolina disse...

Ansiedade
Quero compor um poema
onde fremente cante
a vida das florestas
das águas e dos ventos.
Que o meu canto
seja no meio do temporal
uma chicotada de vento
que estremeça as estrelas
desfaça mitos
e rasgue nevoeiros
escancarando sóis!

Manuel da Fonseca, in"Poemas Dispersos"

Gigia disse...

Linda aldeia e lindo poema do "nosso" Manuel da Fonseca
Mas...
Minha aldeia é todo o mundo
Todo o mundo me pertence
Aqui me encontro e confundo
com gente de todo o mundo
que a todo o mundo pertence

Excerto de um poema de António Gedeão

O céu da Céu disse...

Que vontade me deu ir procurar um livro de Manuel da Fonseca... poucos souberam FALAR do Alentejo, como ele.Obrigada pelos poemas.
Bjs

Jelicopedres disse...

É linda a mensagem deste pequenino poema de
Manuel da Fonseca

Tem uma FORÇA INDOMÁVEL!!!

Obrigada Carolina:)

Jelicopedres disse...

Gostei muito dessa Aldeia Global de António Gedeão!

Obrigada Gigia.
Continua, estou a gostar das tuas pesquisas.
Beijinho, até amanhã, prontinha para seguirmos para o Centro Histórico de Santiago...
Tery*_*)

Jelicopedres disse...

Livros de Manuel da Fonseca, é o que não falta nas nossas Bibliotecas.
Não será difícil encontrares, Céu!

- E esta foto pequenina? Será que estás "empoleirada" lá em cima?!!! Já me vou certificar.
MULHER DESTEMIDA!!!
;)

antónia disse...

Mas que linda Aldeia........ ALENTEJANA.....Lembrei-me da minha Terra, uma linda Aldeia, no ALENTEJO perfundo,.... perto da linda VILA VIÇOSA....tenho saudades do meu Alentejo, que não vê o MAR.!!!!!!!
bEIJOS antónia

Jelicopedres disse...

Mas que surpresa, Antónia!
LINDA!!!
Obrigada pela visita, desta vez com testemunho, gostei muito.
Há já alguns anos que não vou a Vila Viçosa.
Preciso lá voltar...
Um grande beijinho e... VOLTA!
Teresinha*_*)

Carolina disse...

Como vê Menina Teresinha tem muita gente que gosta de SI e lhe quer bem!
Isso calculava eu...
;)

Jelicopedres disse...

Eu sei Carolina, não duvidava.
Obrigada.
Abracinho*_*)

Coisas da Vida disse...

Manuel da Fonseca! O patrono da minha Escola! E ainda o conheci e falei com ele algumas vezes... E como conversámos! Com o Manel a cavaqueira era amena e sempre rica!
Este poema é um dos meus preferidos porque de, uma forma tão singela, ela, a aldeia, está ali toda, inteira, tal como a aldeia o era...
Tenho-o incluído numa peça que estou a preparar este ano e que versa sobre a velhice. Baseio-me em textos do Joaquim Mestre, do Manuel da Fonseca e do José luís Peixoto. As minhas alunas estão entusiasmadas... Penso apresentar a pecinha, na nossa Escola nos dias 25 ou 26 de março. Vamos ver como ficará!

De facto, a sua escolha foi, como sempre, uma pérola! Jinhos, querida Teresinha!

Jelicopedres disse...

Olá Fátima.
Que bom que gostou!
Que coincidência eu ter escolhido para trazer aqui um dos seus poemas preferidos.
E essa pecinha, será que este ano vou estar aí para assistir?!
Adorava!
Quando a data estiver definida, diga-me, está bem?
Obrigada pelas palavras que me deixou.
Beijinho para si também.

Letucha Almeida disse...

Que linda fotografia a tua, tens mesmo aquele "je ne sais quoi " que é necessário para capturar as mais belas imagens, e no momento certo!
Baci Baci

Jelicopedres disse...

Está mais ou menos Letucha, obrigada.
Mas na realidade, achei que se "colava" na perfeição a este poema de Manuel da Fonseca.
beijinho:)