trazendo sempre uma promessa de distâncias irreais.
*
Chega com o mau tempo. Fica de vigia.
Apenas uma brisa leve lhe arrepia
o desenho solene e rigoroso que compõe à beira do cais.
Há mundos insondáveis no riso que me lança
e que acende no meu peito uma criança com desejo
de improváveis desarrumos tropicais.
*
Quando abrir de novo as asas e partir
em busca de outros continentes, outras ilhas
deixará na praia do poema alguma pena
e o mapa confuso de pegadas andarilhas.
*
Digo adeus e fico a vê-la
a afastar-se lentamente no azul
e repito para mim próprio
e juro e volto a jurar
que um dia abro a janela
e vou com ela
viajar
*
José Fanha /Poemas com Animais/ (breve Antologia, organizada, seleccionada por José Fanha)
fotografia/teresinha
15 comentários:
Mais uma postagem linda!
Estou a ver um céu maravilhoso! Ponto de passagem, num voo do olhar, para horizontes longínquos…
Parece-me ouvir o grito da gaivota, ave aliada ao mar onde faz a sua vida, mas nunca esquecida da terra, sobretudo em dias de temporal.
Qual o poeta que não evoca a imagem das suas asas enormemente abertas, lembrando a partida para o outro lado do Oceano ou para alguma ilha nele perdida!
Quem por vezes, não gostaria de esquecer tudo e poder ir à aventura voando assim!
Beijinhos.
Muito bonito esse poema!
E esse José Fanha tem coisas lindas!
;)
José Gomes Ferreira diria:
"Leva-me os olhos, gaivota,
e deixa- os cair lá longe naquela ilha sem rota...
Lá...
onde os cravos e os jasmins
nunca se repetem nos jardins...
Lá...
onde nunca a mesma aranha tece a mesma teia
na mesma escuridão das mesmas casas...
Lá...
onde toda a noite canta uma sereia
...e a lua tem asas..."
Mais uns versos lindos, e a foto....Beijinhos...
Eu vou com ela de certeza.
De pé sobre as suas asas
e os continentes e ilhas,
Serão minhas novas casas!
As gaivotas, tantas, tantas,
Voam no rio pro mar...
Também sem querer encantas,
Nem é preciso voar.
Fernando Pessoa
Apeteceu-me abrir a janela e viajar com a gaivota!
Baci
Lena
Olá Juja.
Mais uma vez obrigada pela sua visita e também suas palavras de evasão do pensamento...
Pensamento esse, que ninguém nos tira, é só nosso!
Sabe tão bem sentir assim!
:)
Que lindo, esse poema de José G.Ferreira!
Já reparaste, Carolina?
Muito se escreveu e escreve ainda acerca das gaivotas!
Sem dúvida que elas, fascinam!
Porquê?!
Eu, não sei!
Tu sabes?!...
"Lá...
onde toda a noite canta uma sereia
...e a lua tem asas..."
bj.
Olá Zé.
Minha visitante mais assídua!
Verdadinha!!!
Obrigada linda, tudo bom para ti.
:)
Não sei se já reparaste
Ela está à tua espera
No candeeiro da Avenida
Vai sair na Primavera
(Para a Lami) ;)
Abrir a janela, às 8 da manhã e voar...
Quantas vezes nos apetece "voar", para bem longe e, regressar apenas se, e quando nos apetecer.
E se houver Sol, melhor ainda!
Beijinho para ti Lena:)
Leva-me contigo, meu bem! Também quero saborear o espaço e a força e doçura do vôo de gaivota! Apetecia-me deitar numa nuvem, sobretudo ao pôr ou ao nascer do Sol!!!!!!! Ah!!! Que maravilha!!!!!!!!
Só não quero, mesmo de todo, a dieta alimentar da minha querida gaivota. Faço esforços inauditos para não me lembrar disso! Mas, enfim, não há bela sem senão!...
Lena TerenoBeijão
Só depois vi o poema que a Carolina postou. Oportuno e lindo como ele
Lena Tereno
Que bem que escreves, Lena T.
(é que, eu tenho aqui duas Lenas)!
Com o primeiro parágrafo, podes começar um conto, de imediato.
Acho que este ano ainda ninguém se estreou, no Canto das Letras.
Têm estado a acabar os do ano lectivo passado.
Não me esqueço como deste tão bem a "volta", ao que a Silvana começou...
Beijinho para ti também.:)
Estou de acordo com a Teresinha, Lena Terena!
Bora lá começar o 1º conto deste ano!
Esperamos...
;)
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