quarta-feira, dezembro 12, 2007

Bloco Intacto


Abrindo a álea vertical
sobre o vértice do instante
sem frenesim mas denso de
todo o sangue que me enche no silêncio desta álea
caminho para ti
lenta lentamente a densa bola sobre o jacto de água dança
e eu sou o jorro de água eu sou a bola em equilíbrio
a permanente coroa branca efervescente branca
na tranquila anónima macia dourada suburbana álea
a seda deste instante não se rasga
é um grande bloco intacto que se desloca
para a minha eternidade
a eminência de ti é a boca já feliz a árvore que estala em cada
[poro a seiva
a parede de água que contenho a porta doce e clandestina
a porta que desliza
e é então que
no espaço da vertigem
em ti me uno à sede e das raízes subo
e pelas raizes sou
António Ramos Rosa - NOS SEUS OLHOS DE SILÊNCIO - 1970 / Antologia Poética

4 comentários:

Anónimo disse...

Olá Teresinha
Onde desencantaste este Sr????
Não conhecia,complicada a sua escrita,deixou-me completamente as "aranhas", numa teia que não consigo escapar.....
silvana ramos sapage

Jelicopedres disse...

Tens a sua Antologia na nossa Bilioteca, Silvana.
(quando eu a entregar, claro)!
Eu não desencantei Ramos Rosa ele,É!!!
Hoje vou publicar um Apontamento Bibliográfico de António Ramos Rosa.Depois vens ver.
Não quero que fiques "às aranhas", como dizes.
Aliás comecei a escever ontem mas não tive tempo de terminar.
BJ.

Aparecida disse...

Uma escolha de muito bom gosto!
Gosto muito do seu gosto!
Não deixo de vir ver o que voce deixa aqui, é sempre mais um colírio para a alma.
Beijinhos da
Aparecida

Jelicopedres disse...

Que bom Aparecida, saber que gostas do que eu "deixo" aqui!
(sempre mais um colírio para a alma)...
Gosto dessa palavra: COLÍRIO!!!
(jáfiz até no ano passado uma postagem com esse título)