Centro Cultural Emmérico Nunes
Vale mais, tarde que, NUNCA! Apesar do espaço reduzido, foi com muita alegria e emoção que a TUNASAS , da qual eu faço parte, aceitou o convite para a sua contribuição na abertura do Ano Lectivo do PROSAS, no Centro Cultural Emmérico Nunes, em Sines. A recepcção foi muito calorosa. Obrigada, PROSAS !
AUTOBIOGRAFIA
Emmérico Hartwich Nunes - 1888 - Para as minhas filhas -
Nasci em Lisboa, na rua de S. Bento, em 6 de Janeiro de 1888. Meu pai, Silvestre Jacinto Nunes (irmão mais novo do republicano Dr. José Francisco Nunes), é natural de Pedrógão Grande, no Zêzere, tem 89 anos de idade. Espírito alegre e saudável. Com uma grande sensibilidade artística, iniciou-se em estudos de arquitectura. Acabou, porém, por se entregar à vida comercial. Minha mãe, Maria Ferdinanda von Moers Hartwich Nunes, matural de Regensburg, na Baviera, casou com o meu pai em 27 de Novembro de 1886, em Lisboa, na Igreja dos Paulistas. Eu fui baptizado na de Santos-o-Velho. Minha mãe, tal como o meu pai, possuía uma grande intuição artística. De espírito romântico, era uma poetisa de delicada sensibilidade. Ao piano, que tocava com muita expressão, cantava cheia de nostalgia as «lieder» de Schubert. Também na pintura era talentosa. Acabava eu de deixar os cueiros, quando comecei a mostrar uma grande predilecção pela bonecada. O meu maior prazer era ter papel e lápis e passava horas esquecidas a rabiscar bonecos. Com três anos (lembro-me!!), estando com meus pais nas Caldas de Felgueiras, o velho conde de Caria vinha sentar-se junto de mim a ver-me desenhar e para ali ficava tanto tempo a olhar, quando eu estava entretido nas minhas «composições» de cenas campestres, marinhas e toiradas! Aos três anos já era aficionado e tinha grande predilecção por cenas de arena... Hoje, detesto-as. [...]
Pequeno exerto da Autobiografia facultada pela família do Pintor Emmérico Nunes.
Fotografias - Isabel Figueiredo