quarta-feira, outubro 28, 2009

segunda-feira, outubro 19, 2009

"A Fuga"

"Quem perde a esperança foge. Quem perde a confiança esconde-se. E ele queria as duas coisas: fugir e esconder-se." (Do livro "Jesusalém de Mia Couto)
*
Acabou de ler a frase. Pousou o livro, apoiou o cotovelo na mesa, coçou o queixo e sorriu com ironia.
Assentava-lhe bem aquela frase. Parecia até dirigida a si próprio e à sua vida.
Que vida, afinal?
Não queria pensar. Com uma estranha indolência, correu a persiana da janela e fechou as cortinas. Colocou uma das suas músicas preferidas a tocar, recostou-se no sofá, pôs os auscultadores nos ouvidos e ficou ali, "escondido", tentando esgotar por completo o seu tempo.
- Que tempo?
- O seu tempo!
- Porque o outro, o tempo dos outros, estava lá fora. Fora daquela sala, transformada instantâneamente no seu refúgio, para onde podia sempre viajar, deixando as malas e os roteiros turísticos do outro lado da vida, que não a sua.
Ali, prosseguia Bach, «Concerto nº3 em Sol Maior».
Através de uma luz ténue, vinda do aquário ao canto da sala, vislumbrava uma dança infindável, interpretada por peixes cor-de-laranja que o habitavam, como se do mar se tratasse.
Embora esse espaço lhe parecesse exíguo, era na verdade, suficiente para eles pensava, enquanto que - o seu espaço - que era só dele, lhe proporcionava o perfeito esconderijo e a fuga de si próprio.
Sem qualquer força anímica que o despertasse pois limitava-se apenas a ouvir a música, disse de si para si: quero ficar; não ver o tempo passar; esconder-me e fugir para dentro de mim...
*
"Escritas de Verão" (partilhadas)
Texto/Carolina e Teresinha - fotografia/Teresinha (Oceanário de Lisboa)

sábado, outubro 17, 2009

"Ad Multos Annos"

FOLHAS ORIENTADORAS
*
As folhas brancas
Verdes ou vermelhas
Sempre sulcadas
Por nervuras ou escrita
São a garantia da
sobrevivência
De um mundo vegetal
E do mundo mental
Não têm substituto
São firmes e sabem
permanecer
*
São folhas livres que voam!
Filhas do vento:
gelado
Quando soprado da terra
brusco
Quando enviado do mar
*
Todas sorriem desfasadas:
a folha fotosintética
a folha de cor branca impressa
e a vermelha coberta de pudor.
*
Mª José Ramil/A Folhagem e o Mar - Fotografia/Teresinha
Para ti querida Amiga, Mª José (Gigia) com um abraço de Parabéns!

sábado, outubro 10, 2009

Um dia de "Verão" no Outono!

Olá Amiga/o!!!
Hoje, se chover, que sejas feliz com a chuva que molha os campos, varre as ruas e limpa a atmosfera. Se fizer sol, aproveita o calor. Se houver flores no teu jardim, aproveita o perfume...
Se tudo estiver seco, aproveita para colocar as mãos na terra, plantar sementes e aguardar a floração. - HOJE, NÃO ARRANJES DESCULPAS... Sê feliz de qualquer jeito. Lembra-te que a única fonte de felicidade está dentro de nós e deve ser repartida. Repartir as nossas alegrias é como espalhar perfume sobre os outros. Sempre acaba caindo alguma gota sobre nós.
QUE OS TEUS DIAS SEJAM PERFEITOS... TU MERECES!!!
*
Texto recebido por email- Fotografia/Teresinha

quinta-feira, outubro 01, 2009

Os Anos são "Pérolas" que se vão juntando...

1 DE OUTUBRO / DIA DO IDOSO
Do aroma que as flores são
*
Aquilo que a gente lembra
Sem o querer lembrar,
E inerte se desmembra
Como um fumo no ar,
É a música que a alma tem,
É o perfume que vem,
Vago, inútil, trazido
Por uma brisa de agrado,
Do fundo do que é esquecido,
Dos jardins do passado.
*
Aquilo que a gente sonha
Sem saber de sonhar,
Aquela boca risonha
Que nunca nos quis beijar,
Aquela vaga ironia
Que uns olhos tiveram um dia
Para a nossa emoção -
Tudo isso nos dá agrado,
Flores que flores são
Nos jardins do passado.
*
Não sei o que fiz da vida,
Nem o quero saber.
Se a tenho por perdida
Sei eu o que é perder?
Mas tudo é música se há
Alma onde a alma está,
E há um vago, suave, sono,
Um sonho morno de agrado,
Quando regresso, dono,
Aos jardins do passado.
Novas Poesias Inéditas de Fernando Pessoa - Fotografia / Teresinha
*
- Fotografia tirada num Centro de Dia do Concelho de Santiago do Cacém, (com a devida permissão), aquando da visita da Tunasas, da Academia Sénior de Artes e Saberes do Litoral Alentejano - Neste dia, dedico a todos os idosos como prova de carinho, uma mensagem de ternura e a promessa da minha presença, com fotografias, sorrisos, conversas, "docinhos e cantigas", sempre que se proporcionar. Enquanto espero a minha "Idade Maior"... lá estarei!
Um terno abraço extensivo a todos ELES!