sexta-feira, março 20, 2009

Sol+Coração+Nome=Primavera

Sair de casa num dia de sol para tomar um simples café, pode revelar-se uma surpresa!...
- Já bebeste o teu café?
- Estava bom?
- Queres mais alguma coisa?
- Eu, levo a chávena para dentro.
- Não pude deixar de sorrir. Fiquei ali, embevecida a olhar aquela menininha de olhos azuis e os cabelos que caíam em cachos dourados, que queria apenas, sentar-se a meu lado, mas, de maneira que eu não tivesse nada mais que me ocupasse a não ser a sua presença...
- Queres que te diga uma poesia?
- Quero, diz lá! Sabes dizer poesia?

«Na escola todos juntos
aprendemos a crescer
nunca ninguém sabe tudo
todos temos de aprender

Aprendemos matemática
um, dois, três e quatro
às vezes representamos
uma peça de teatro.

Aprendemos a ouvir
quando alguém está a falar
para pedir a palavra
pomos o dedo no ar.»

- Queres ouvir outra?
- Também sei uma para o dia do pai...
- Olha, tens um papel?
- É para eu escrever: O MEU NOME, UM CORAÇÃO E UM SOL!
- Agora é para ti, para levares para a tua filha..........


Sofia (nome fictício) cinco anos / 15 de Abril 2008
Publiquei no Canto das Letras no início da Primavera 2008. Não resisti a fazer novamente esta publicação desta vez, na minha "janela".
Vou recordar sempre este dia em cada início de Primavera. HOJE, É O DIA!!!
(obrigada "Sofia"). Fotografia/Teresinha /em 2007 momentos antes de serem cortadas as (sempre noivas) em frente da minha casa.

Acho que, estavam a "incomodar" a passagem, a alguns "bichinhos peçonhentos", de duas pernas...!!!!! :(

segunda-feira, março 16, 2009

PROCURA-SE UMA AMIGA

[...] Basta ser mulher, basta ser humana, basta ter sentimentos, basta ter
coração.
Precisa saber falar e calar, sobretudo ouvir.
Tem que gostar de poesia, da madrugada, de pássaros, de sol, da lua do
canto, dos
ventos
e das canções da brisa.
Deve ter amor, um grande amor, amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor...
Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam
consigo.
Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja
de
segunda mão.
Pode já ter sido enganada, pois todos os amigos são enganados.
Não é preciso que seja pura, nem que seja impura, mas não deve ser
vulgar.
Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve
sentir o grande
vácuo que isso deixa..
Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objectivo deve ser o
de
amiga
deve sentir pena das pessoas tristes e comprender o imenso vazio
dos
solitários.
Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se uma amiga para gostar dos mesmos gostos, que se
comova, quando chamada de amiga.
Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes
chuvas e das
recordações de infância.

Precisa-se de uma amiga para não se enlouquecer, para contar o que
se viu de
belo e triste durante o dia,
dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade.
Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos
molhados, de
beira de estrada,
de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

Procura-se uma amiga que diga que vale a pena viver, não porque a
vida é
bela,
mas porque já se tem uma amiga.
Precisa-se de uma amiga para se parar de chorar. Para não se viver
debruçado
no passado
em busca de memórias perdidas
Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame
de Amigo.
para ter-se consciência de que ainda se vive.

Vinicios de Moraes - fotografia/teresinha
(recebido, por e-mail em Março de 2008 de uma amiga) - Dedico hoje, à Zé Senos

quarta-feira, março 11, 2009

LUA

Entre a terra e os astros, flor intensa.
Nascida do silêncio, a lua cheia
Dá vertigens ao mar e azula a areia,
E a terra segue-a em êxtase suspensa.
*****
Sophia de Mello Breyner/ Obra Poética/O Mar - fotografia/teresinha (Museu do Oriente, Lisboa)

segunda-feira, março 09, 2009

Nostalgia II

... Uma antiquíssima nostalgia de ser mastro baloiça nos pinheiros.
Sophia de Mello Breyner
*
(Museu do Oriente / Lisboa - teresinha)

(João de Almeida/ "Como Mastros" - Pastel Seco Sobre Papel /2008 - extra catálogo)

domingo, março 08, 2009

Nostalgia

Nostalgia sem nome da paisagem,
Secreto murmurar de cada imagem,
Que na escuridão se ergue e caminha.
*
Shophia Mello Breyner/Obra Poética
Fotografia/Teresinha (sem ROSTO, algures no Alentejo)

quarta-feira, março 04, 2009

Canto da Solidariedade


Distribua-se o peixe no mar, distribua-se o sável,
distribua-se o peixe-serra pequeno
distribua-se o sável pequeno
ditribua-se o tubarão
distribua-se o pargo
O caminho do peixe, parece que Deus o fez de ouro
o flautista chama pela rapariga
diz-lhe que se agarre bem à sua camisa
distribua-se o mero
distribuam-se as conchas presas às rochas
ditribua-se a lagosta
distribuam-se os caranguejos
distribua-se o marisco que vive como se risse
Com a boca aberta aferrada à rocha
distrubua-se a carne dos moluscos
distribuam-se os moluscos maiores do rio
distribuam-se os camarões
distribua-se o mero do rio
distribua-se a iguana que se esconde
Na copa da árvore de pau santo
de ouro, o caminho do peixe,
parece que o fez de ouro,
parece que Deus fez de ouro
o caminho do peixe

Poemas Ameríndios / (Cunas) - fotografia / teresinha (Oceanário Lisboa)