quarta-feira, outubro 29, 2008

Faça uma "Pausa"...

* Equilibre os seus objectivos com os seus hábitos.
* Analise o seu comportamento.
* Utilize formas adequadas de gestão de tempo.
* Transforme-se numa pessoa aprazível.
* Abrande o ritmo:
- O seu trabalho e as suas tarefas não são tão urgentes. Faça do "estar em equilíbrio" a sua principal prioridade. Dedique algum tempo a disfrutar a vida.
- Procure harmonia em todas as vertentes que conduzam ao bem-estar geral.
- O pensamento positivo é apenas o primeiro passo na longa caminhada que é o desenvolvimento pessoal...
Revista Científica/dr. Fernando Lima Magalhães - Fotografia/Teresinha

terça-feira, outubro 21, 2008

Gaivota

Fui ao cais, vi uma gaivota
Toda branca, toda escura:
alegria ou amargura?
Quem há-de saber, quem há-de?
Triste gaivota tão branca,
lencinho negro traçado:
estás de luto aliviado?
Quem há-de saber, quem há-de?
Não sei se cantas, se gemes,
triste gaivota do mar:
que choro é o teu cantar!
Quem há-de saber, quem há-de?
Ai! Quem me dera arrancar
sem te doer, de mansinho,
as penas do teu lencinho!
Quem soubera? Quem o sabe?

Matilde Rosa Araújo/Antologia Poemas c/ Animais
Fotografia da mana Aurora - (Para a Carol)

sábado, outubro 11, 2008

Há Mil Anos Que Aqui Estou


"La formicuzza in un campo di lino disse al grillo dammene un pochettino e la rizumpalallillallero e larizumpalarillá".

(A formiguinha num campo de linho disse ao grilo dá-me um bocadinho e olarilolé e olarilolá.)

Oitavo capítulo
[...] A viagem em terceira classe fora longa como uma travessia oceânica. Desceu, altiva, da carruagem de madeira e tropeçou no último degrau enquanto tirava a mala leve que continha todos os seus pertences. Olhou em seu redor. O vale careca de Basento brilhava ao sol. Na estação não estava ninguém. Apenas se ouvia o cantar das cigarras. Cicia encontrava-se ali por engano. Olhou o combóio a afastar-se lentamente resfolegando, e lançou em volta um olhar desolado. Arrependeu-se de não ter ficado em Roma. Aí, pelo menos viveria com gente civilizada. Agora, esperava de um momento para o outro o aparecimento de peles-vermelhas como os que vira no cinema num western, no dia anterior ao da partida.
[...] Quando descobriu que Grottole, na realidade , ficava num lugar de que nunca ouvira falar chamado Lucânia, lá para baixo da bota, onde a circulação estanca e o sangue tem dificuldade em voltar a subir, já não havia nada a fazer. Estremeceu quando ouviu uma voz atrás dela . Era Ciola Ciola com o corregedor. Vinham buscá-la numa carreta puxada por uma mula que estacara ao longo do caminho e, por esse motivo, os fizera chegar atrasados. Cicia aceitou as desculpas com a graciosidade de uma raínha, depois subiu para a carreta como Maria Antonieta quando a conduziram ao patíbulo, tendo o cuidado de segurar o vestido para não se sujar, e fez descer do chapéu de palha um pequeno véu para se proteger das melgas assassinas e dos outros insectos. E deste modo, Cicia, Ciola Ciola e o corregedor entraram na aldeia. Uma vez que era a primeira obstetra do Estado que vinha para Grottole, era preciso instalá-la nalgum lugar...

Há Mil Anos Que Aqui Estou / Mariolina Venezia - Prémio Campiello 2007